Quem ri por último ri melhor. É com esse ditado que entre aliados do governador Jaques Wagner (PT) é avaliado o dilema vivido hoje pelo senador César Borges (PR) ante a possibilidade de o senador ACM Jr. (DEM) disputar a reeleição, o que pode se constituir numa verdadeira pedra em seu caminho.
Interlocutores frequentes de Wagner dizem que ele se nega até o momento a comentar o quadro que emergiria da confirmação do ingresso do democrata na disputa, mas, com cara de riso, relembra conselhos que deu a Borges durante o período em que iniciou tratativas com ele para transformá-lo em seu companheiro de chapa.
Enquanto o PT insurgia-se contra a aproximação, atacando aqui e ali o passado do senador como forma de fazê-lo recuar, Wagner ponderava ao republicano que sua reeleição estaria garantida se topasse aliar-se ao governo. Já naquele momento, uma união de Borges com Paulo Souto (DEM) era descartada, apesar do passado comum de ambos no extinto PFL.
Na base de apoio do presidente Lula, o PR do senador dava-lhe duas opções: marchar com o governador baiano ou aliar-se com Geddel Vieira Lima, candidato do PMDB ao governo, que, no íntimo, fora sempre seu seu nome preferido na oposição. Borges assinalou a segunda alternativa, irritando sobremaneira correligionários do governador.
Apesar de Wagner nunca ter dado o braço a torcer com relação à perda de Borges, seus aliados passaram a dirigir ao senador palavrões impublicáveis, referindo-se ao fato de ter mantido até o último momento a expectativa de que poderia ter optado pelo governo.
O salto de César na direção de Geddel desarrumou o jogo de Wagner, trouxe a esperança de segundo turno para as oposições e obrigou-o a enfrentar uma polêmica no PT para colocar na vaga planejada para o republicano o deputado federal Walter Pinheiro. Natural que ficasse levemente descontente com o senador.
E que possa agora, como querem seus aliados, experimentar a vingança como um prato frio. (Raul Monteiro)